PAIS, FILHOS E ESPORTE, UMA RELAÇÃO SAUDÁVEL OU NOCIVA?

     Durante uma partida de volley ball infantil 11/12 anos em um renomado colégio aqui em Fortaleza, pela primeira vez sentei em uma arquibancada e observei o jogo de fora. Procurei não me envolver com os lances do jogo, com a graciosidade que se conduzia a partida. Afinal, eram crianças, meninas que estavam ali. Era com certeza um jogo fantástico de se ver.  
     Ao invés de simplesmente torcer, tentei fazer daquele dia mais um dia de estudo, observar comportamentos e reações das pequenas jogadoras e técnicos. O que ocorreu é que acabei por notar algo mais importante: o comportamento dos pais. Logicamente que fiz o que devia e anotei o que precisava, mas fiquei observando como os pais cobravam, gritavam com suas filhas, pulavam, brigavam e esbravejam com o árbitro, como se eles fossem a própria autoridade do esporte. Bem, mas o que há de errado em pais que amam seus filhos e projetam para eles um futuro vencedor? E o que isto tem haver com nosso Jiu Jítsu? Se olharmos friamente, nada! Porém, quando pomos nosso poder de observância para funcionar, temos que nos lembrar que nossas crianças serão reflexo de nossas ações e atitudes. Herdarão, acima de tudo, os resultados das preocupações e cuidados que teremos com os mesmos. Logo, quando nos comportamos de modo ante esportivo na arquibancada, usamos palavras obscenas, brigamos, desrespeitamos árbitros e adversários, esses pequenos seres que estão dentro da arena seja quadra ou tatame sentem e percebem isso com certeza, pois quem já esteve lá de verdade sabe do que se trata. Além disso, vejo pais querendo projetar seus insucessos em seus filhos e querendo fazer deles SUPER HERÓIS sem estes estarem prontos ou até mesmo quererem.
     Que os pais lembrem-se que na infância e pré-adolescência, crianças e jovens devem praticar atividades esportivas não com o intuito e serem grandes campeões e sim de aprenderem valores positivos que lhe possibilitem viver honrosamente na nossa sociedade, desenvolver valências físicas que lhe tragam benefícios para futuras escolhas e sobrevivência nessa selva urbana e principalmente DIVERTIREM-SE e não desabarem em choro e profunda tristeza a cada perda de jogo ou luta. Outra observação relevante seria na carga de treinos e competições que se impõe aos garotos, privando-os dos fins de semana e suas descobertas e assim expondo-os a um problema quase que imperceptível, muitas vezes só notada na fase adolescente e adulta, tornando assim, precoce o encerramento de uma carreira que poderia ser longa e brilhante, as famigeradas e implacáveis CONTUSÕES!
    Pais, lembre-se que vocês são os heróis de seus filhos mas também os juízes, portanto, cuidado com os que vocês juraram amar e proteger quando os tais inda estavam na maternidade ou naquele quarto todo enfeitado, dormindo indefeso e sereno. Sempre que possível botem as lembranças para fora e revejam seu passado e retomem aquela época que seus genitores lhe “obrigavam” a fazer coisas que nem sempre eram de seus desejos. 
   Abraço, até o próximo encontro. “DBK para sempre!”
   
 Ricardo Costa

    Líder DBK Faixa Preta 3º grau.